sexta-feira, 9 de julho de 2010

Os sinais e a intuição são evidentes



Ontem, como em muitas outras noites, estive a assistir a mais um episódio de Oprah. O tema era, mais uma vez, sobre violência doméstica. Como muitos sabem eu não sofri propriamente de violência doméstica, mas andou lá bem perto. Hoje falo sobre isto sem qualquer problema, porque a verdade é que o tempo cura tudo, e principalmente se não forem deixadas mazelas físicas, como aconteceu com a senhora de ontem que para além de ter levado umas belas porradas durante o casamento, já depois de divorciada esteve à beira da morte, quando o ex-marido achou que podia safar-se de um homícidio e que jamais - mesmo sendo ele um dos principais suspeitos caso a coisa acontecesse - seria apanhado. A mulher esteve à beira da morte, mas safou-se e ele foi justamente condenado a prisão prepétua (muitas plamas para este júri que o condenou).

O que mais impressou no relato desta mulher foi o facto de hoje em dia já conseguir ver que, mesmo antes do casamento, já existiam alguns sinais. Foi revelar que mesmo no dia do casamento o pai disse-lhe que ela podia virar as costas a tudo, pois quem estava de fora percebia bem o que acontecia. É que é engraçado, mas também eu depois de já ter dado sinal para a mobília da casa, o meu pai disse-me que não se importava de perder o sinal se quisesse deixá-lo. Porque na realidade os outros percebem melhor do que nós. Nós achamos sempre, tal como a senhora explicou, que não ia acontecer nada de mal com ela, que iria casar e iria fazê-lo feliz, que iria dar-lhe filhos e ele conseguiria ser feliz. A verdade é que eu, nos meus inocentes 23 aninhos, pensava exactamente a mesma coisa.

Felizmente, não passei um terço daquilo que aquela mulher passou, até porque não cheguei a apanhar, algo que sempre desconfiei que estaria bem perto de acontecer. No entanto, não quis ficar mais tempo para provar a minha intuição. Ela, coitada, ficou, ignorando por muito tempo os sinais e a intuição. Apanhou a primeira estalada na lua-de-mel no Havaí, perdoou e foi aí que cometeu o seu primeiro erro. O especialista que estava ao lado dela e que desenvolveu uma teste que permite avaliar se alguém está em risco de violência doméstica disse algo que nunca mais me vou esquecer na vida: "Na primeira vez em que apanhamos somos vítimas, na segunda já somos voluntárias". Esta é que é esta: existe sempre uma opção e a certa não é, com certeza, esperar para ver se afinal ele não nos acaba por matar.

2 comentários:

Dora disse...

Bonito texto! :-)
Bjo grande

Maria disse...

Tens que começar a treinar textos para além das receitas e zodiacos ahah.
Pode haver por ai caça talentos.
Estás a precisar.