Merda, merda, merda, esqueci-me outra vez do passaporte. Porra, mas desta vez nem trouxe o bilhete de avião e nem sequer as malas. Esqueci-me de tudo em casa e falta uma hora e meia para embarcar. Vou ligar ao meu pai, ele vem cá trazer-me as coisas, acho que ainda consigo entrar no avião. Eu ligo-lhe, mas ele não lhe está a apetecer sair de casa e eu nem sequer estou no aeroporto de Lisboa, fui parar a um hospital na Alemanha (sim, pois eu ia mesmo de táxi da Alemanha para Portugal), não vejo nenhum táxi para conseguir chegar a tempo ao aeroporto, e na rua já não estou na Alemanha, mas em Odivelas. Bolas, não acredito, desta vez é que é mesmo a sério, não é um sonho, não é um sonho como das outras vezes.
-MÃE, MÃE, MÃE... (ai não acredito, ainda por cima a Beatriz está por aqui também e não a encontro, não a estou a ver, ela está a chamar-me)... MÃE, MÃE... Esta história até podia ser possível de acontecer comigo, mas mais uma vez não passou de um sonho e foi a Beatriz que me libertou dele, ao chamar-me às duas da manhã, quando já não encontrava soluções para resolver o problema. Nos últimos tempos, sempre que viajo, tenho este sonho, é um sonho recorrente. Que me esqueci do passaporte, que me esqueci das malas, que cheguei atrasada (coisa que na vida real raramente acontece), só falta mesmo sonhar que estou despida no meio da pista da Portela. Sempre que sonho com ele, penso que dessa vez é que é tudo real, dentro dele oiço-me a mim mesma a dizer que desta vez é que aconteceu mesmo...
Já não é a primeira vez que este género de coisas me acontece. Sempre que estava desempregada, sonhava que tinha voltado a trabalhar na Pizza Hut, o sonho era tão recorrente, que o vivia com uma realidade atroz. Via-me a servir gelados, a fazer contas na caixa registadora, vestida com a farda e a pensar como podia ter voltado a trabalhar por lá, depois de tantos anos de estudo.
O meu subconsciente dá cabo de mim!!!
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