quinta-feira, 10 de setembro de 2009
No comboio...
Sempre que não vou a ler no Comboio, vou atenta à conversa dos outros. É um defeito meu, seja na praia, no café ou no metro, quando não estou entretida a fazer qualquer coisa ou a pensar sobre os meus problemas, centro-me na conversa dos outros... paciência. Ontem sentei-me ao lado de dois homens que eram colegas de trabalho. No comboio, o que mais se encontra são colegas de trabalho que fazem a jornada de volta a casa juntos. Na generalidade, as conversas entre colegas são sempre as mesmas: falar da empresa, falar mal de algum colega, falar mal do chefe, falar mal do trabalho! Rara é a pessoa que oiço fazer comentários bons sobre qualquer uma destas coisas. As mulheres falam mal, mas meus queridos, os homens também falam. Para mim já não há aquela coisa de quem sim-as-mulheres-é-que-são-umas-cabras-umas-para-as-outras-as-megeras-as-piores! O discurso é ligeiramente diferente do sexo masculino para o feminino, mas no fim vai tudo dar ao mesmo: ninguém consegue travar a língua maldizente. Por exemplo, no discurso das mulheres há sempre uma chefe que é implicativa, uma sarna, uma colega que é uma chata, uma gorda, que cheira mal e que ninguém aguenta. No discurso dos homens, há isso tudo, mas dito de uma forma menos directa, como aconteceu ontem com os dois colegas de trabalho que falavam de outro: o João (nome fícticio) diz muita coisa acertada, mas também lhe saem da boca grandes barbaridades. Ele até aceita as críticas, mas daí a uns tempos está a cometer os mesmos erros, depois admira-se de ninguém o respeitar. Ora, ora, os homens parecem reconhecer os feitos dos colegas, mas não evitam uma agulhinha a mais no peito. Isto, segundo lhes parece, não é dizer mal, tal-qual-as-fofoqueiras-trastes-das-mulheres-o-fazem, é dizer as verdades. E quem diz a verdade não merece castigo, certo?
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